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segunda-feira, 23 de julho de 2007

É quase o caso de afogar em fogo

Sou tão íntimo como nem tuas entranhas.
Você é o mundo pelo qual perambulo, inesgotável labirinto.
Poderia dizer que nunca lembro de ti.
Seria tão exato quanto dizer que nunca te esqueço.

Antes de ti, havia em mim uma solidão enorme.
Você deu fim a ela dizendo: dorme.
Quando nos despedimos, ela voltou, maior e com mais fome.
E a cada vez que te vejo novamente, ela não some,
Mas aumenta porque não sabemos ser amantes.
Quanto mais perto estamos, mais palpável é nos sentir distantes.

A solução para mim é encontrar alguém com uma solidão semelhante,
Que inclusive contenha, como eu, uma solidão de si, solidão dançante,
Que se autoabandone e se traia comigo, periodicamente.

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