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sábado, 10 de maio de 2008

Para ser um homem do futuro

É preciso ser a antítese do seu tempo

2 comentários:

sandra adria_na fasolo disse...

Oi, Guilherme, tem resposta para a tua pergunta lá no blog das Contradições.
O que escreveste aqui sobre o "homem do futuro" também aborda contradição, a antítese não seria uma forma da contradição existir?, então, para seres um homem do futuro tens que viver toda a contradição possível no presente... assim senti tua afirmação deste post.
obrigada pela pergunta tão inteligente lá no blog.
sANdrA

Guilherme Franco disse...

Eu não vejo como contradição, apenas como um paradoxo de superfície. É como um jogo onde você almeja o prazer de ganhar, mas para obter tal prazer você se submete às regras e contingências do jogo e possivelmente se sacrifica, se esforça, se dedica, até mesmo ao ponto da dor, do cansaço e de tudo o que não é prazer. A afirmação do sentido e a afirmação do destino não estão contrapostas, inclusive é uma e outra que se possibilitam e se estabelecem como forças.
Penso que o que afirmo é uma dubiedade, mas não ainda contradição. A dubiedade é o espaço que se abre para sentidos diferentes, paralelos, divergentes, que podem inclusive até não se situarem no mesmo plano, na mesma dimensão. Aí a multiplicidade se faz.
O que percebo é que você pode lutar em favor de uma melhor linguagem, mas não contra toda a linguagem, isto é, você pode lutar /contra/ uma parte da linguagem para melhorá-la, mas não conseguirá se tentar melhorar a linguagem toda de uma vez, você se tornará incompreensível, e o seu melhoramento morrerá com você. Neste sentido eu não aboli determinadas expressões que usamos: “é preciso” - poucas seriam tão pouco dúbias, e o próprio termo “antítese”, que aí está como figura demasiado hiperbólica. O que a sutileza do texto não diz, em sua humorística cheshiriana, é que se um homem for a antítese de seu tempo, ele nunca chegará a ser um homem do futuro, no sentido mais literal – os homens que estão à frente de seu tempo precisam vencer no tempo anterior para chegar a existir. Se o texto não diz isso é simplesmente porque o leitor, sua parte fundamental, não diz isso. Nossos textos precisam tanto dos seus leitores quanto nós precisamos da nossa atmosfera. Porém, enquanto tratarmos as proposições assim como tratamos nosso ar, estaremos mais para o despropósito do que para a inspiração.
Além do mais, além do mar, e se o futuro for apocalíptico, qual seria o préstimo de ser um homem do futuro?