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quinta-feira, 17 de maio de 2007

para quê mesmo perguntar pela tristeza?

Antigamente, este blog tinha por título "O que é isto, a tristeza?". A intenção da pergunta era que ela funcionasse não como um processo de curiosidade, mas que denotasse determinada postura, que entrasse em um processo de desconhecimento, de estranhamento da tristeza.

Não que a intenção não seja boa, nem que a tentativa tenha falhado. Acontece que a própria intenção do blog é flutuante, e eu não saberia elaborar um título ou uma descrição que sintetizasse esta intenção, é mesmo difícil fazer isso ainda apenas considerando somente a intenção momentânea do mesmo.

Então se antes a intenção era não responder à pergunta, me dei conta que o melhor que tinha a fazer era simplesmente calar-me, já que não estava perguntando por nada, efetivamente, e o silêncio é a melhor afirmação do desinteresse.

Talvez uma das intenções do blog seja mudar, também porque isso não é alguma coisa à qual se possa escapar, a mudança. Então se a minha primeira proposta era parir outro de mim, aí está, e aí está estando, ainda não deixei de parir.

Aliás, já que estou nesta espécie de tom editorial, que se anuncie que aquilo que foi identificado como a principal intenção do blog era exatamente existir mais. Neste sentido, agradeço àqueles que me ajudarem divulgando este blog. Obviamente que vocês só farão isso se tiverem gostado dele, então para mim isso seria duplamente gratificante.

O novo título ("O que consigo afirmar?") é contíguo ao antigo; incrível que pareça sou um cara constante. Diria que é mais sintomático, querendo dizer com isso que ele se torna um índice do modo de operação do blog, que é a escrita, e também que é melhor em dois sentidos: primeiro porque pergunto pela minha própria potência, e segundo porque pergunto pela minha alegria. Coisas pelas quais estou efetivamente interessado. Se trata realmente mais de enunciar afirmando (mostrar através de propostas positivas) do que de conceituar (aqui, pelo menos, serei mais artista que filósofo).

Creio que, durante toda minha vida, tenho afirmado sem saber muito aquilo mesmo que afirmo. Meu próprio questionamento é, assim, providencial e oportuno, pois me torna mais responsável com aquilo mesmo que eu afirmo. Afinal, quero que Jesus não se refira a mim quando proponha perdoar aqueles que não sabem o que fazem; é uma condição terrível para um artista não saber aquilo que criou, aquilo que destruiu ou como o fez. De casual já basta o universo.

Que a viagem prossiga.

Um abraço pessoal (sim, esta frase não tem vírgula entre o abraço e o pessoal - mas não se acostume comigo explicando aquilo que digo; me considero alguém sutil e direto, por mais que isso pareça uma contradição, já que a sutileza é algo que aparece pouco; dou esta chance exatamente porque vocês não me conhecem e exatamente para me conhecerem mais).

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