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domingo, 27 de outubro de 2013

quinta-feira, 24 de maio de 2007

"Você passa e não me olha, mas eu olho pra você. Você não me diz nada, mas eu digo pra você. Você por mim não chora, mas eu choro por você" Ben Jor

Olha uma beleza passando, como não querê-la, como não chorar? Sim, eu sempre perco, mas não penso nisso, eu penso no que ganho, eu penso nesta presença que há para mim, que presença não pode iluminar?

Como não ter esta disposição de te abraçar para sempre, mesmo que eu não vá te abraçar para sempre? Como não ver o sol chorando, fazendo das suas lágrimas a amplidão azul?

Você, você, você e você, amada, querida e desejada, e todas as outras [de você]; oh, todas as vidas com que me encanto! Como não dizer quanta falta elas me fazem?, mesmo sabendo que elas existam para mim por excesso - Só com imaginação; só com a minha boba fantasia o que eu quero se torna presente, Porque você, você, você e você e eu não temos braços, nem palavras, nem rios, nem peles, nem corpos, aparentemente; ou, se temos, não fazemos uso deles, o que, em termos de efeitos, dá quase no mesmo. Mas o que me permite vestir as fantasias é me reconhecer nos nossos olhares fugidios.

É porque nossas solidões nos desesperam, ou talvez exatamente por não nos desesperarem, que o nosso melhor encontro se queda dificultado; o nosso encontro mais calmo, mais íntimo, onde não só nossas superfícies se encontram, mas também nossas profundidades.

E eu diria tudo, mais verdadeiro, mais amoroso, mais por ti e mais por mim, um encontro mais significativo, mais intenso, porque mais encontrador e mais encontrado.

O silêncio é mais que o fim, é o começo: despir-nos de nossas macaquices, de nossos medos, para começar a poder sermos nós mesmos.

sábado, 5 de maio de 2007

070424

Estou parindo alguém de mim. Não é que doa ter que mudar, criar novos hábitos, estar inseguro; dói é ser ainda alguém que não se encaixa mais no mundo. O que dói é este eu que morre enquanto pare, e que resiste à morte, não quer ir. Às vezes penso que eu mesmo queria completude, permanência. Se nós dois soubéssemos ser o mundo, não precisaríamos nos despedir. Às vezes eu nem mais sei o que é o ideal, só sei que estranho o real, estranho o amor dos outros, estranho o amor meu. Não reconheço nada disso, nem mundo, nem amigos, nem o amor, companheiro tão íntimo e de longa data, não reconheço a mim próprio. Achei este pensamento em redor de minhas confusões, e ele parece muito apropriado: se faltam meios, é porque não há fins. De novo eu pergunto pelo meu fim; às vezes nem minha ambigüidade parece capaz de me ajudar. É que ainda não sou ambíguo o suficiente. Estou muito acostumado a viver à beira do máximo. Pelo menos há agora ainda um máximo, embora não seja um máximo de conforto, de alegria ou de prazer. Mas eu sei que sei afirmar cada bobagem e cada coisa terrível, e, enquanto eu tiver esta crença travestida de saber eu vou tentar. Morro ainda jovem, para poder nascer de novo, e ser mais jovem ainda. Morro para não contar nada além de minha liberdade. Quero amar como nós somos. Se você souber ainda sorrir para mim...

Como a liberdade não vai ser o melhor?
É isso, para não ver quanto sou livre
Eu tive que me ater ao dado;
mas há o jogo. Se eu quero te machucar?
Se assim podemos ser felizes?

Me machuca que eu serei ainda feliz.
Nós próprios somos o mal e o remédio.

Há um detalhe perdido num instante
Que faz toda a vida valer a pena.

É isso, e você os tem.
Não são meus, mas você os acha.
Quero que não sejam meus.
Na verdade, eu quero não ser perfeito.
Dou-te a tua liberdade.

Se não vivo o máximo,
é ocasião de ser o máximo.
Abro bem meus olhos,
aprumo minha coluna,
Estou pronto para todos os desejos
Os seus e os meus.